Quarta-feira, 21 de Novembro de 2007
Amor e paixão
Gostar de alguém não significa ama-lo. No mundo que conheci até hoje, poucas foram as vezes em que vi brotar amor sincero de corações que se envolvem, e lidar com isso as vezes magoa, porque não é fácil explicar o que seja amor de verdade sem que o outro o experimente em sua plenitude.
Conhecer o amor não é tarefa fácil, e para aqueles que fogem a essa regra, mais dificil torna-se lidar com a disparidade de interpretações e
julgamentos, conceitos e níveis ecolutivos tão diferentes entre si. Condenar o outro jamais. Como bradar calma ao ser que se afoga sem que nós mesmos já tenhamos experimentado a sensação da água a nos impedir a respiração?
Mas quem disse que sou o dono da verdade? Pobre de mim se alimentasse essa pretensão vã. Mas falo não do que acho, mas do que sinto e vejo. Acredita, não é fácil diferenciar, mas amor e paixão são tão intimamente antagônicos
entre si quanto semelhantes na aparência.
Apaixonar é sentir no ar a presença de uma ausência, e por ela clamar incondicionalmente.
Amar é sentir no ar a mesma presença de uma ausência, mas ter a certeza de que nem o tempo e nem o espaço poderão impedir que a primeira se manifeste
em lugar da segunda no tempo e momento certos.
Paixão é a lágrima que queima na face, pela ausência da parte que te
completa.
Amor é a mesma lágrima que o rosto marca, mas pela alegria da certeza de que em algum lugar o outro vibra em vida.
Paixão é perder as esperanças quando as aparências falam mais alto.
Amor é o máximo de esperança quando se tem o mínimo de possibilidades.
Paixão é ter que dizer tchau quando se quer dizer "é muito cedo"
Amor é jamais dizer adeus, pois a certeza da permuta continua pelos
espíritos.
Paixão é ter que dizer "esqueci-te" quando se permite que o outro se torne o maior motivo para que vivamos.
Amor é fazer com que o outro viva verdadeiramente connosco, ainda que
distante.
Paixão é desejar o oceano, pra se embriagar de satisfação mútua.
Amor é satisfazer-se mutuamente, ainda que com uma pequena gota.
Paixão é desejar o céu, para que ele seja testemunha do próximo acto.
Amor é contentar-se apenas com uma estrela que justifique a razão do encontro.
Paixão é como ter todas as pessoas do mundo e querer apenas uma.
Amor é fazer de todas as pessoas do mundo, motivos para chegar até aquela que ainda não pode estar connosco.
Paixão é passageira.
Amor é duradouro.
Paixão alimenta sensações.
Amor alimenta vibrações.
É possível amar sem se apaixonar tanto quanto se apaixonar sem amar. Mas o mais raro é amar verdadeiramente e ainda assim estar apaixonado, sem que as nuances negativas da paixão se sobreponham aos encantos do verdadeiro amor:
aquele que nem o tempo, nem as eras, nem as vidas consecutivas e mortes intrometidas podem sepultar, pois o amor é vida, e a vida em si jamais morre, ainda que nossa pressa teime em gritar o contrário.
De Diana a 4 de Dezembro de 2009 às 16:31
Adorei o seu texto! Parabéns!
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